Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 8ª Semana da Matemática do Ifes

Tamanho da fonte:  Menor  Médio  Maior

UM JOGO DE TABULEIRO GUARANI E IDEIAS MATEMÁTICAS

Arthur Murad Vervloet, Cleidiani Correa Santana Grippa Zocca, Claudia Alessandra da Costa Araújo Lorenzoni, Lígia Arantes Sad

Última alteração: 2019-05-15

Resumo


O presente trabalho é resultado de parte de um projeto de iniciação científica desenvolvido no Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Vitória, que investiga ideias matemáticas para a educação escolar indígena e não indígena a partir de saberes tradicionais desses povos no Espírito Santo. Especificamente, tem como enfoque a comunidade indígena dos Guarani no estado do Espírito Santo no que diz respeito a jogos de sua cultura que se relacionam com o pensar matemático, bem como a relação destes com jogos de outras culturas. Em âmbito educacional geral, um motivo impulsionador deste trabalho foi a observação de que,  apesar de ser um direito assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB de 1991, constata-se que há ainda pouco investimento da política governamental em prover educação a todos, o que gera marginalização de certos grupos étnicos em razão de suas diferenças, ao invés de adequar-se às suas especificidades etnoculturais, que pleiteiam uma educação escolar específica, intercultural, bilíngue/multilíngue e comunitária. Outrossim, a ideia de que existem inúmeras maneiras de se ensinar a matemática será amplamente defendida, uma vez que conceitos socioculturais divergentes são esperados na interculturalidade do contexto de campo. Sob tais considerações, tem-se como objetivo desenvolver possibilidades didáticas (recursos e atividades), compartilhadas com a comunidade escolar indígena, que possam ser utilizadas tanto na educação indígena como na não indígena, mas inicialmente implementado na escola da Aldeia Guarani Boa Esperança, localizada no município de Aracruz - ES. Por conseguinte, no presente artigo aborda-se uma perspectiva que concerne à educação indígena, relacionada à utilização e estudo de jogos de tabuleiro tradicionais como instrumento de ensino etnomatemático. Nesse sentido, a base teórica principal se constitui por conceitos etnomatemáticos que são validados a partir de argumentos e ideias do pesquisador Ubiratan D’Ambrosio (1994a; 1994b; 2001). Para ele, o ensino da matemática não pode ser hermético nem elitista, deve  levar em consideração a realidade sociocultural do aluno, o ambiente em que vive e seu conhecimento extraescolar. Dentro da premissa deste artigo, estudam-se jogos afetos ao povo Guarani local a partir de uma leitura etnomatemática, buscando transcender a matemática em si e analisando-a culturalmente. Analisam-se e comparam-se alguns jogos como o Jogo da Onça, o Jogo do Milho e o Jogo das cabras  a jogos de outros contextos sociais, históricos, étnicos e culturais, com o fito de elucidar as adaptações e especificidades adquiridas por cada jogo, uma vez  ajustados às idiossincrasias de povos distintos, como o indiano, o português e o indígena (Guarani). Concorda-se com Sardinha e Gaspar (2010) quanto ao estudo da etnomatemática relacionado com o estudo de contextos interculturais, por meio do conhecimento de novos procedimentos para a construção do processo de ensino-aprendizagem. Como resultado também realizam-se indicações quanto a possíveis recursos e atividades envolvendo o desenvolvimento da matemática escolar.