Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 8ª Semana da Matemática do Ifes

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Casas Elípticas na Arquitetura Indígena e o Conceito de Elipse

Claudia Alessandra Costa de Araújo Lorenzoni, Lígia Arantes Sad, Amanda Gomes Guarnier, Sofia Brunoro Martins Ribeiro

Última alteração: 2019-05-16

Resumo


Resumo: O trabalho explora o termo “casas elípticas”, adotado por alguns autores, como Costa e Malhano (1986), no contexto da arquitetura indígena, em contraposição ao termo “elipse”, adotado em Matemática e apresenta resultados de um projeto de iniciação científica desenvolvido no Instituto Federal do Espírito Santo, entre 2018 e 2019. Nele é analisado o processo construtivo de uma cabana indígena na Aldeia Temática Guarani, em Aracruz – ES paralelamente à definição matemática de elipse, como lugar geométrico dos pontos de um plano cuja soma das distâncias a dois pontos fixos desse plano é constante. O trabalho destaca ainda que elementos da arquitetura e dos conhecimentos indígenas podem contribuir para a educação matemática não indígena, e deveriam, portanto, ser mais aproveitados e valorizados. Nesse sentido, numa perspectiva etnomatemática, se considerarmos uma variedade de matemáticas, conforme diferentes culturas ou línguas, como sugere Onstad (2017), é provável que muitas delas sejam úteis não só localmente, mas possam até mesmo contribuir com novas perspectivas, resultados e raciocínios para a matemática acadêmica global. O trabalho se constituiu de uma pesquisa bibliográfica composta por obras de etnologia indígena, matemática e etnomatematica além de visitas de observação, conversas e registros de imagens junto à comunidade indígena no Espírito Santo. O estudo teve caráter essencialmente qualitativo, com ênfase nas observações feitas em campo e nas entrevistas, ao mesmo tempo em que foi necessário o cruzamento dos levantamentos com toda a pesquisa bibliográfica já feita. Foram efetuadas medidas das cabanas descritas no trabalho e colhidos relatos de membros da comunidade a respeito de técnicas empregadas na construção destas. Para os visitantes da Feira de Matemática, propomos mostrar, por meio de maquete, a réplica da cabana indígena elíptica e exemplos de elipses, visando a apresentar o conceito de elipse e a razão de ele não se aplicar à cabana estudada. Por fim, o estudo das cabanas indígenas na Aldeia Temática em Aracruz-ES contribuiu para ampliar conceitos matemáticos a respeito da elipse. Acreditamos que dessa maneira estamos construindo um conhecimento significativo, na aproximação do saber científico ao saber local. Também verificamos que é possível perceber como uma perspectiva etnomatemática pode contribuir de forma positiva para discussão do fazer matemático a partir de diferentes culturas, utilizando-se de instrumentos particulares das mesmas para aproximar os estudos da realidade em que determinada cultura vive, podendo tornar a matemática mais interessante e quebrando o paradigma de que é uma disciplina “odiada” por tantos alunos.

 

Palavras-chave: Casas Elípticas, Arquitetura Indígena, Elipse, Etnomatemática.

Referências:

COSTA, M. H. F.; MALHANO, H. B. Habitação indígena brasileira. In: RIBEIRO, Berta G. (Coord.) Suma Etnológica Brasileira. 2. ed. Petrópolis: Ed. Vozes/FINEP, 1986. v.2. p. 27-92.

ONSTAD, Torgeir. Is the Mathematics We See the Mathematics They Do? Journal of Mathematics and Culture. December 2017 11(3).