Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 8ª Semana da Matemática do Ifes

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DO SURDO PARA O OUVINTE: UMA EXPERIÊNCIA COM O ENSINO DA MATEMÁTICA NO CONTEXTO DA ESCOLA INCLUSIVA.

Edmar Reis Thiengo, Janielli de Vargas Fortes, Amábele Cristine Miranda Azevedo de Araújo, Renan Guilherme Soares, Rafael da Silva Pereira, Fellipe Grego Figueiredo

Última alteração: 2019-05-26

Resumo


O presente resumo relata a aprendizagem por estudantes surdos em uma sala de aula regular de uma instituição básica de ensino. Por se tratar de um tema emergente em Educação adotamos como metodologia de pesquisa um estudo de caso (GIL, 2009). Se configuraram como sujeitos desta pesquisa dois alunos surdos, dois intérpretes de Libras, a professora regente e uma professora de matemática e pesquisadora na área da Educação de Surdos que se fez presente na sala de aula, com o objetivo de observar e auxiliar na aprendizagem destes sujeitos.  Além disso, essa pesquisa também tem como objetivo trazer o leitor a pensar sobre questões relacionadas a Surdez, a Cultura Surda, a Identidade Surda e a língua dos surdos (Libras) no contexto da Educação Inclusiva. Não podemos negar a surdez como materialidade inscrita no sujeito surdo, porém se esse olhar no direciona para um viés clínico, o sujeito surdo se torna deficiente. Convidamos o leitor a direcionar o seu olhar para os surdos como um sujeito que apenas fala de uma forma diferente e tem uma cultura diferente dos ouvintes (LOPES, 2007).  Vale ressaltar que a interação dos surdos com os ouvintes normalmente acontece através da mediação dos intérpretes e que a turma em geral tem uma boa interação com eles que se interessam em aprender sinais para a comunicação com os estudantes surdos. Os estudantes surdos, por iniciativa própria gravaram um vídeo com a explicação do conteúdo introdutório de função para estudar para a prova, e utilizaram como ferramentas o quadro e o pincel com os diagramas de conjunto e imagem explicando em quais casos essas relações determinaria uma função. Vale ressaltar que o indivíduo surdo tem a sua aprendizagem centrada a estímulos visuais, visto que a sua língua é localizada no espaço tridimensional (SACKS, 1998). Além disso, outras atividades foram propostas para estes estudantes a fim de auxiliar no processo de aprendizagem, mas vale ressaltar que o diferencial destas propostas está no respeito que os professores tiveram para com a sua língua e a sua cultura, o que traz resultados positivos para a aprendizagem destes alunos. A surdez para muitos ainda se configura como deficiência e é necessário essa desconstrução para que os surdos não sejam vistos mais com sentimento de consternação, de dó, por simplesmente não ouvir. Além disso, um ensino baseado na língua de sinais atrelado a estímulos visuais podem produzir importantes estratégias para que essa aprendizagem de fato aconteça.