Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 8ª Semana da Matemática do Ifes

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IDENTIDADE: QUEM SOU EU? UMA ABORDAGEM MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Marilete Batista Vitória Abadi, Franciele Polez, Solange Reis, Ligia Sad

Última alteração: 2019-05-12

Resumo


O trabalho relata experiências de professoras com uma oficina de educação nas relações étnico-raciais, realizada com 28 alunos do 4º ano de uma escola municipal da Serra-ES. O objetivo era levar as crianças à reflexão e possível ressignificação de sua identidade étnico-racial por meio de atividades interdisciplinares de matemática, português, história e cultura afro-brasileira. A lei 10.639/03 tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas, e a abordagem ético-racial não deve ser restrita a datas comemorativas e folclóricas, mas acontecer durante todo processo educativo. Baseadas nisso, elaboramos uma oficina dividida em dois momentos: no primeiro foi entregue aos alunos imagens impressas de personagens infantis de diferentes etnias. Eles deveriam identificar semelhanças entre suas características físicas com as dos personagens. Em seguida lemos o livro “Este é o meu cabelo” do autor capixaba Gió, a fim de valorizar a literatura e a identidade afro-brasileira. Após, cada aluno foi até um local reservado para abrir uma caixa que dizia: “Abra essa caixa e encontre algo valioso e único”. Ao abrir via seu reflexo em um espelho, e perguntamos: “Quem é único e valioso? ”, com objetivo de destacar sua unicidade. Para finalizar, todos fizeram autorretrato com lápis de cor e canetinhas para verificarmos os reflexos da abordagem inicial. No segundo momento discutimos sobre os vários tipos de festas, objetivando abordar as diferenças culturais entre elas (vestimenta, alimentação, decoração, etc.) e lançamos o desafio de planejar uma festa com “a nossa identidade”, utilizando a metodologia Modelagem Matemática via Bassanezi (2012) e criando um modelo de quantidade de comidas e bebidas da festa. Os alunos foram divididos em grupos e planejaram abordar conteúdos matemáticos: unidades de medidas (área do bolo, torta e a mesa), estimativa (copos, guardanapos, fatias de bolo e torta, refrigerante, sucos) e quatro operações. Os cálculos basearam-se na quantidade de 28 pessoas. A área do bolo inicialmente seria de 80x60cm, mas alguns alunos interferiram dizendo que era muito grande e haveriam outras comidas. Reduziram para 40x30cm. A festa teve: 100 copos, cada pessoa poderia usar 3. Torta de 23x35cm, cada pessoa poderia comer 3 pedaços, 6 garrafas de refrigerante e 3 de suco (2 litros cada), 100 salgados fritos, 100 folhas de guardanapo e o bolo.  Ao final, os alunos observaram que sobraram 2 garrafas de refrigerante e 1 de suco, faltou guardanapo e cada um poderia comer mais de 3 pedaços de bolo. Percebemos que o objetivo foi alcançado durante as atividades da oficina: dialogaram sobre as características físicas e utilizaram, por exemplo, negro ao invés de “moreno”, no autorretrato pintaram a pele com lápis da sua cor (próxima ao real) e desenharam seus cabelos como eram. Sobre o modelo utilizado para organização da festa, observaram que deveriam refazer os cálculos, pois houve desperdício de alimentos e falta de descartáveis.