Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 7ª Semana da Matemática do Ifes

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PARA QUE LADO EU VOU? EXPERIÊNCIA ACERCA DE LATERALIDADE COM CRIANÇA DE 5 ANOS

Thiarla Xavier Dal-Cin Zanon, Vânia Santos Wagner, Regiane Ferreira da Silva

Última alteração: 2018-05-17

Resumo


Aqui relatamos uma experiência com criança de 5 anos em que exploramos comandos de lateralidade inspirados por Mendes e Delgado (2008). Solicitou-se no Grupo de Estudo em Educação Matemática do Espírito Santo [GEEM-ES] que todos experimentassem em suas salas uma tarefa sobre senso espacial. Nela, as crianças deveriam adivinhar em quem a professora pensava ao dizer: é uma criança à frente de..., ou atrás de..., à direita ou à esquerda de outras crianças e/ou objetos. Apesar de incentivados a desenvolver essa mesma tarefa, modificamos a mesma. Como ainda não estávamos lecionando, nós realizamos a tarefa com nossa vizinha de 5 anos. Construímos um twister (brinquedo) utilizando um papelão com círculos desenhados nas cores vermelho, azul, amarelo e verde. Organizamos retangularmente quatro círculos na horizontal e sete círculos na vertical de mesma cor. Colocamos o twister no centro da sala para solicitarmos que ela se deslocasse sobre os círculos. Após o aceite da criança para participar, pedimos que levantasse sua mão direita e depois a esquerda para certificarmo-nos de que ela reconhecia essas palavras e posicionamento. Depois, solicitamos que pisasse no primeiro círculo vermelho à sua frente e em mais 2 círculos à frente. A seguir, quando dissemos: pise em mais 1 círculo à direita, percebemos que ela ficou em dúvida olhando para o lado esquerdo tentando lembrar qual era o lado direito. Então, perguntamos para ela: com qual mão você escreve? Já sabíamos que ela é destra e aguardamos sua resposta. Imediatamente ela levantou a mão direita. Assim, perguntamos: qual é o seu lado direito? Ela permaneceu com sua mão levantada, pensou e afirmou balançando a mão que era daquele lado. Depois, dissemos: vá para o círculo localizado atrás do que você está. Feito isso, solicitamos para mover-se para 2 círculos à esquerda. Demonstrando dúvida, apontou à esquerda e prosseguiu ao círculo solicitado. Ao relatarmos sobre essa tarefa modificada no grupo e escutar os relatos dos outros professores, refletimos sobre o que tínhamos proposto à criança (SANTOS, 1997; SCHÖN, 1983). Os diálogos e as interações com a criança e no grupo nos fizeram observar que nossos comandos eram muitos e complexos e nos recordaram acerca da importância da mediação com outros (VYGOTSKY, 2008). Essa tomada de consciência a respeito de uma tarefa é necessária ao professor e nem sempre fazemos isso durante as aulas ou posteriormente a elas. Além disso, comandos envolvendo a lateralidade são complexos também para adultos que não os desenvolveram apropriadamente desde a infância. Percebemos essa complexidade quando alguém pede uma informação e o outro responde: vire duas quadras à direita, outra à esquerda, mais duas à direita e vá em frente. Quase sempre a pessoa escuta, mas, depois de escutar dois comandos já se sente perdida. Sabemos que tais dificuldades poderiam ser evitadas se desde pequenos fossem estimulados como fizemos com a criança desse relato e como nos sugerem os trabalhos de Mendes e Delgado (2008) sobre senso espacial.