Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 7ª Semana da Matemática do Ifes

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PROCESSO DE EMPODERAMENTO NA SALA DE AULA DE MATEMÁTICA: REFLEXÕES EM UM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM ORIENTADO PELA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA

Mirelly Katiene Silva Boone, Luciano Lessa Lorenzoni, Oscar Luiz Teixeira de Rezende

Última alteração: 2018-05-17

Resumo


Os estudos sobre o processo de ensino de Matemática, apresentados por Ole Skovsmose, mostram que as aulas de Matemática podem acontecer em diferentes ambientes de aprendizagem que, por sua vez, podem interferir nas relações sociais entre professor e estudantes. O ambiente de aprendizagem em que a prática pedagógica acontece de forma mecanicista e fundamentada exclusivamente no livro-texto cabendo ao estudante resolver exercícios repetitivos sem oportunidade de questionar ou argumentar são considerados ambientes tradicionais. A prática pedagógica orientada pela Educação Matemática Crítica ressalta a importância da relação entre professor e estudantes pautada no diálogo e na reflexão como forma de promover o empoderamento por meio do ensino de Matemática e enfatizar questões que vão além do conteúdo. Diante do exposto, tem-se o objetivo de investigar do processo de empoderamento no contexto das relações sociais em sala de aula a partir de uma prática pedagógica orientada pelas preocupações da Educação Matemática Crítica. A transformação das relações sociais de sala de aula depende de uma prática pedagógica que favoreça o diálogo e desafie as tradicionais aulas de Matemática, referindo-se a esse contexto Skovsmose e Borba (2004) apontam três situações: situação corrente – a realidade que existe antes da realização da prática pedagógica orientada pela Educação Matemática Crítica –, situação imaginada – representando uma possibilidade de mudança frente a situação corrente – e situação arranjada – situação intermediária entre o real e o imaginado, construída por meio de negociações. No intuito de favorecer o processo de empoderamento de estudantes, no 7º ano do ensino fundamental, idealizou-se uma prática pedagógica orientada pela Educação Matemática Crítica e amparada pela Modelagem Matemática na perspectiva sociocrítica. Barbosa (2004) considera esse ambiente de aprendizagem propício ao diálogo e às discussões acerca de questões de natureza sociopolítica, pois, nele os estudantes são convidados a usar conhecimentos matemáticos para problematizar e investigar situações com referência na realidade (BARBOSA, 2004). A prática pedagógica planejada envolve quatro características: experiência dos estudantes o ponto de partida, pesquisa da realidade e leitura e interpretação de situações sociopolíticas são fontes de conhecimento e poder que por sua vez permitem a ampliação dos horizontes, ou seja, as possíveis mudanças ocorridas a partir do desenvolvimento da prática pedagógica.  Os relatos sobre o curso de Física, intitulado “Da Astrologia à Astronomia”, desenvolvido pelo professor de Física Márcio Campos, na Universidade de Campinas e descrito por Freire (1986) e do Projeto Energia, realizado pelo professor Henning Bødtkjer e descrito por Skovsmose (2014) submetidos à técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2016) embasaram a construção das características apresentadas. Este estudo de natureza qualitativa retrata um ambiente de aprendizagem orientado Educação Matemática Crítica em que os estudantes expressaram ideias, pesquisaram sobre o tema gerador, questionaram, compararam dados, elaboraram modelos a partir dos dados obtidos e promoveram discussões com base nos modelos produzidos. Além disso, como resultado, a interação entre professor e estudantes aconteceu em todos os momentos e a proximidade entre ambos estimulou a superação do autoritarismo, a aprendizagem e o desenvolvimento de uma formação com vistas à cidadania crítica e ao empoderamento.