Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 7ª Semana da Matemática do Ifes

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“ADVINHE EM QUEM EU ESTOU A PENSAR”: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Zleinda Schultz Kuster, Vânia Maria Pereira dos Santos-Wagner, Simone Damm Zogaib

Última alteração: 2018-05-17

Resumo


Este texto apresenta reflexões acerca de uma tarefa sobre senso espacial infantil discutida em um dos encontros do Grupo de Estudos em Educação Matemática (GEEM-ES) em 2017. Tal tarefa intitulada “Advinhe em quem eu estou a pensar” estava baseada nos estudos de Mendes e Delgado (2008). Objetivava identificar conhecimentos geométricos das crianças relacionados às noções espaciais elementares de localização, direcionamento e deslocamento. Foi aplicada em uma turma de 2º ano do ensino fundamental com 23 crianças na faixa etária de 7/8 anos. Alguns aspectos marcaram os procedimentos adotados pela professora: (i) escolha do cenário para a tarefa; (ii) despertar da curiosidade das crianças por meio de perguntas desafiadoras; (iii) intervenção da professora em dúvidas a respeito de noções espaciais; e (iv) participação das crianças, desafiando colegas a adivinhar em quem estavam pensando. Como cenário, a professora convidou as crianças para o pátio, o que já os motivou a participar e despertou interesse para algo diferente. Orientou-os a observar o trajeto e desafiou-os com perguntas durante o percurso: “para que direção nós iremos?” “vamos seguir em frente?” “se temos este obstáculo, o que precisamos fazer?” No pátio, organizou as crianças em 04 filas com 05 alunos e 01 fila com 03 e incentivou-as a descobrirem em quem estava a pensar. Utilizou, a princípio, comandos mais simples como “estou pensando em uma criança que está na frente de Sophia”. Outros comandos se constituíram mais complexos como pensar em noções de direita e esquerda. Nesses casos, a intervenção da professora se tornou fundamental. Ela colocou uma das crianças de frente para as outras e pediu que levantassem o braço direito. Instigou-as a observar e, em seguida, fez rotações com o corpo da criança à frente para que elas notassem a mudança. Então, voltou a desafiar os alunos: “estou pensando em alguém que está à direita ou à esquerda de...” Após interações com a professora, os alunos foram melhorando suas respostas e começaram a participar, desafiando uns aos outros. Ressaltamos que, aquelas indicações referentes à direita e à esquerda ainda eram passíveis de dúvidas, e pensamos que seria necessário um trabalho sistemático para internalização dessas noções em relação ao seu próprio corpo ou em relação às outras pessoas ou objetos (VYGOTSKY, 2008). Destacamos que as crianças se sentiram empolgadas a pensar nos desafios propostos. A partir dessa reação à tarefa, havendo uma oportunidade em sala de aula, a professora dizia “estou pensando em alguém...” e as crianças ficavam concentradas, interessadas e acesas. Às vezes, no decorrer da aula, elas próprias começavam a brincar. Concluímos que a professora conseguiu despertar a vontade de aprender nessas crianças (ALVES, 2002), o que os alunos atestam com suas ações e falas durante e após a tarefa. Foi possível detectar dificuldades em relação ao senso espacial e reforçar a necessidade de trabalhar com tarefas semelhantes de modo sistemático em outros momentos. Outrossim, as reflexões no GEEM-ES, a partir dessa tarefa, levaram-nos a aprender juntos e evidenciar a importância de escutar crianças e professores, questionando nossos conhecimentos matemáticos e pedagógico matemáticos sobre senso espacial.

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