Este texto apresenta um recorte de dados de pesquisa de mestrado desenvolvida com estudantes em uma turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola municipal de Vitória/ES. Esse recorte refere-se a dados produzidos a partir de uma atividade denominada de jogo de dardos. Destacamos que tomamos como base uma atividade formulada por Cedro (2004), com estudantes do ensino fundamental regular, como uma situação desencadeadora da aprendizagem (SDA). Compramos um jogo de dardos e realizamos um campeonato com os estudantes da EJA. As regras iniciais (altura do alvo: 1,73 metros e distância do alvo para o lançador: 2,37 metros) foram definidas após consulta à Internet. Com a participação dos estudantes essas posições foram marcadas com o auxílio de uma trena metálica, bem como foi definida a pontuação: a faixa circular amarela do alvo valia 10 pontos e um dardo nessa região deveria multiplicar por 2; a faixa dividida em quatro setores, dois na cor vermelha (valia 50 pontos) e dois na cor branca (valia 30 pontos), e um dardo nesses setores deveria multiplicar por 3; a parte central do alvo (“mosca”), na cor preta valia 100 pontos; e o dardo que não acertasse o alvo ocasionaria a perda de 5 pontos. As instruções foram desenhadas e escritas no quadro da sala. Foram formadas quatro duplas e a ordem de lançamento definida. A competição teve quatro rodadas de lançamento, alternando-se a cada rodada, o lançador e o anotador de pontos de cada dupla. O registro de cada dupla foi apresentado para os demais estudantes no quadro da sala de aula, logo após o término do lançamento de seus dardos – os cálculos eram realizados e o resultado com a pontuação final conferido por todos. Ao término da competição os estudantes responderam três perguntas: O que vocês acharam da atividade? Alguma dificuldade (Qual ou quais?)? O que foi trabalhado de Matemática na atividade? Após as respostas os estudantes fizeram uma atividade referente a um campeonato de jogo de dardos, no qual um dos participantes se esqueceu de registrar o valor de uma das partes do alvo, mas anotou a pontuação final de cada jogador. As duplas deveriam descobrir o valor da região do alvo em cada situação e escrever a equação correspondente a cada situação. A atividade teve por objetivo propiciar situações que oferecessem o surgimento de equações e teve coerência com a atividade orientadora de ensino (AOE) ao ser apresentada por meio de um jogo e realizada de forma coletiva com os estudantes (MOURA, 2010[2016]). Na realização da atividade foram necessárias outras ações, tais como: apresentar o jogo, fixar o alvo na altura padrão, marcar no chão a linha limite para lançamento dos dardos, definir regras, formar duplas por afinidade e sorteio, jogar dardos, registrar os resultados de cada jogada, escrever/resolver a expressão numérica de cada jogada, responder três perguntas, escrever uma equação e determinar o valor que não foi anotado. Uma tarefa de ensino considerada como atividade mobiliza o interesse dos estudantes e promove diferentes aprendizagens. Ou seja, na realização de uma determinada ação é possível desencadear outras ações em seu processo (LEONTIEV, 1978).

Palavras-chave: Matemática; Equação; EJA; e, Atividades de Ensino.

Referências:

CEDRO, W. L. O espaço de aprendizagem e a atividade de ensino: O clube de Matemática. Dissertação (Mestrado em Educação) - São Paulo: Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 2004.

MOURA, M. O. (Organizador). A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural. Autores Associados. Campinas,  2010[2016].

LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa. Livros Horizonte. 1978.