Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 7ª Semana da Matemática do Ifes

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UM OLHAR ETNOMATEMÁTICO ÀS CONSTRUÇÕES GUARANI: UMA POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Ana Paula Azevedo Moura, Ligia Arantes Sad, Cláudia Alessandra Costa de Araujo Lorenzoni

Última alteração: 2018-05-17

Resumo


O relato vem mostrar uma experiência de campo que visa buscar significações de saberes e fazeres dos povos indígenas Guarani que vivem em Aracruz - ES, com vistas às suas construções arquitetônicas. Esse diálogo com os povos indígenas na busca por compreender suas ticas de matema, vem como proposta de um projeto de mestrado cuja temática é a abordagem das histórias e culturas desses povos nas aulas de matemática da Educação Básica não indígena. Tanto a experiência quanto o Projeto têm como pilar teórico o Programa Etnomatemático, que além de outras preocupações busca investigar e visibilizar a constituição, a historicidade, os saberes e os fazeres de grupos socioculturais (D’AMBROSIO, 2007). O objetivo principal da proposta - discutida a partir da Lei nº 11.645/08 que em seu artigo 26-A torna obrigatória a abordagem das histórias e culturas indígenas e afro-brasileiras em todas as disciplinas que compõe o ensino básico – é investigar estratégias didático-metodológicas capazes de fomentar significados e conhecimentos a respeito da cultura indígena Guarani por meio da inserção de seus saberes e fazeres em aulas de matemática da Educação Básica, tendo como pretensão mais ampla a efetivação de mudanças concretas no currículo praticado, de forma a inserir nele conhecimentos das culturas indígenas. Nessa perspectiva, o relato apresenta a busca por conhecer, numa perspectiva etnomatemática, aspectos da cultura do povo Guarani por meio de suas construções arquitetônicas, explorando características e técnicas construtivas, entendendo sua estrutura e importância cultural à população, bem como os materiais empregados, inclusive aqueles relacionados com um processo intenso de contato com o não indígena. A fim de compreender um pouco dos estudos etnomatemáticos realizados por esses povos, são importantes os diálogos e observações in loco para entender os significados simbólicos, materiais e imateriais, presentes nas diversas construções dos povos Guarani. Itelson afirma que “quando os homens constroem casas, eles criam não só um ambiente físico, mas também um ambiente psicológico de significados, um mundo simbólico que reforça um esquema particular de gostos e valores” (2005 apud CARRINHO, 2010, p. 28). Em suma, indicaremos que a partir de uma experiência com construções guarani, é possível a utilização de estratégias pedagógicas em aula de matemática não indígena, incluindo uma proposta de atividade a ser trabalhada de forma que contribua para o conhecimento e (re)significação dos povos e implementação da lei mencionada.