Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 7ª Semana da Matemática do Ifes

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Ensino de Física e Função Polinomial de Primeiro Grau: Um Envolvimento Complexo

Geraldo Bull da Silva Junior, Jeferson Ney

Última alteração: 2018-05-17

Resumo


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Uma característica da Ciência Moderna é utilizar instrumentos da Matemática para representar um fenômeno que é objeto de outro campo. O ensino chamado de tradicional apresenta conceitos físicos a partir de definições das grandezas envolvidas e generalizações de suas leis, utilizando atividades direcionadas a este fim. O procedimento usual é, no passo seguinte, relacionar uma realidade física percebida aos instrumentos matemáticos disponíveis. Podemos então observar uma relação entre temas dessas duas Ciências. O presente texto resulta de uma pesquisa qualitativa de caráter teórico, cujo foco é o envolvimento complexo entre conceitos científicos. Conforme Demo (2000), esse tipo de pesquisa busca a reconstruir teorias com objetivo de aprimorar fundamentos teóricos e diferentes práticas. O pano de fundo é a interseção entre conceitos relativos à função polinomial de primeiro grau e a Cinemática, especificamente o Movimento Retilíneo Uniforme (MRU). A pergunta para a qual procuramos resposta é: “existem conceitos do MRU envolvidos de forma complexa com a função polinomial de primeiro grau? ” O objetivo principal do trabalho é verificar como reconhecer relações complexas entre dois campos que, por si só, têm complexidades intrínsecas. Machado (1988) considera que o estudo das funções é um dos mais importantes para a própria Matemática ou para outros campos científicos. Ávila (2005) afirma que as primeiras ideias sobre funções aparecem no século XIV e que, com o passar do tempo, o termo função evoluiu na designação de relações de dependência entre variáveis. Para Caraça (1963), a construção de tabelas e a formulação de leis surge quando o físico, por exemplo, necessita explicar quantitativamente um fenômeno, atribuindo valores às grandezas envolvidas e verificando de que forma variam. Para prosseguir na investigação, necessitamos de uma teoria que auxilie compreender as articulações complexas entre diferentes campos. O principal eixo do referencial teórico é ideia de complexidade do conhecimento apresentada em Morin (2006). Ele caracteriza o pensamento científico moderno pelo abuso do método analítico, resultando no aprofundamento de especializações científicas, levando a isolamentos e fragmentações incapazes de expressar soluções globais na mesma Ciência. Essas fragmentações e isolamentos específicos estão presentes nos programas de ensino científico em diferentes níveis e o autor ressalta a importância da elaboração complexa e multidimensional do conhecimento em oposição à disjunção reinante na Ciência Moderna. Ao realizar a pesquisa, foi possível perceber que o ensino em geral deve considerar o surgimento de outras complexidades ao confrontar conceitos de diferentes áreas, no caso específico, disciplinas científicas. Aprender uma Ciência é tão importante quanto conseguir associá-la a outros saberes, expandindo as redes nas quais inserimos diferentes conceitos. Ao invés de resguardar compartimentadamente as duas disciplinas em questão, o primeiro passo é considerar ambos sistemas abertos e capazes de trocas entre si. Ao enredar elementos dispersos por análises unidimensionais próprias de cada campo, temos a chance de mobilizar, no nosso exemplo, conceitos matemáticos em contextos diferentes daqueles oriundos da própria Ciência. Verificando como ultrapassar fronteiras disciplinares apoiados na tessitura de redes complexas, temos instrumentos para relacionar significados aos entes matemáticos, encaminhando alternativas para a prática docente no ensino científico.