Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 4ª Semana da Matemática do Ifes

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ESCOLARIZAÇÃO EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE: RELATOS DE MULHERES JOVENS E ADULTAS

Fernanda Soares da Silva Bonato, Antônio Henrique Pinto

Prédio: Pátio Central
Sala: Stand 10
Data: 2015-05-28 03:00  – 04:30
Última alteração: 2015-05-10

Resumo


Este trabalho apresenta um relato sobre a escolarização de mulheres que estudam em um presídio feminino. São jovens e adultas que vivenciam a experiência de privação de liberdade, muitas delas já tendo passado a experiência de privação do direito a escolarização anteriormente a situação do encarceramento. O objetivo deste trabalho foi conhecer e compreender o decorrer do processo educacional da aluna presa, pois considera-se relevante a participação do sujeito no desenvolvimento da pesquisa, além disso, conforme salienta Freire (2005, p. 90) “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. Os relatos compõem o conjunto de dados da pesquisa de mestrado intitulada “A Educação Matemática como Parte Integrante da Escola para a Vida: contribuições na formação de mulheres privadas de liberdade” e foram obtidos por esta pesquisadora que também é professora da disciplina de Matemática no presídio feminino localizado no município de Cachoeiro de Itapemirim. O escopo teórico-metodológico situa-se no âmbito da pesquisa qualitativa. Apoia-se no conceito de dialogicidade de Paulo Freire e no conceito de currículo como narrativas, de Ivor F. Goodson. Os dados foram obtidos a partir da atividade de sensibilização denominada “Minha Vida Escolar” e constituem informações sobre a trajetória de escolarização dessas mulheres e como as mesmas resignificam essa experiência na condição de privação de liberdade. Participaram com suas contribuições 35 detentas, sendo 9 discentes da turma da 7ª/8ª série do Ensino Fundamental, 9 estudantes do 1º ano do Ensino Médio, 11 do 2º ano e 6 alunas do 3º ano do Ensino Médio, todas as turmas fazem parte da modalidade de Educação de Jovens e Adultos - EJA. Os dados foram analisados e, como resultados preliminares, inferimos que algumas tiveram dificuldades de acesso à escola, devido a fatores estabelecidos como característicos de turmas de educação de jovens e adultos, como trabalhar para ajudar os pais ou por que engravidaram na adolescência. Outro ponto a ser destacado também é que muitas gostavam de estudar e tinham facilidade em aprender os conteúdos. Outras pararam de estudar na 5ª série do Ensino Fundamental. Algumas se desviaram da escola por causa de envolvimento com entorpecentes. A maioria demonstrou aprovação pela oportunidade de poderem retornar aos estudos dentro do presídio. Assim, as narrativas e o diálogo revelaram-se instrumentos valiosos e ponto de partida para desvendar algumas necessidades e características dessas alunas diante da pesquisa a ser realizada com e para esse público.

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