Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 4ª Semana da Matemática do Ifes

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDIGENAS E A EDUCAÇÃO MATEMATICA CRÍTICA: UM OLHAR MULTICULTURAL

Lidiane Lahass, Jonisario Littig

Prédio: Pátio Central
Sala: Stand 9
Data: 2015-05-28 03:00  – 04:30
Última alteração: 2015-05-10

Resumo


A matemática faz parte das interações sociais entre diferentes culturas. Essa presença deveria direcionar o ensino para a contextualização e o reconhecimento dessa matemática na sociedade. Contudo percebemos o uso de metodologias tradicionais que tratam esses conteúdos isolados dos contextos. Acreditamos que um fator que contribui para esse cenário é a formação dos professores. Essa formação, muitas vezes, feita de forma superficial, inviabiliza a formação de sujeitos críticos capazes de identificar como decisões politicas e econômicas são tomadas utilizando matemática. Sobre esse caráter, buscamos analisar a partir da intervenção e discussões, como a matemática é percebida em um grupo cultural de professores indígenas das séries iniciais em uma aldeia no município de Aracruz – ES. A motivação surgiu a partir do contato com pesquisas sobre formação de professores desse grupo. Buscamos amparo teórico em Skovsmose (2000) que discute o papel político e social da matemática, McLaren (2000, p. 123) que trata do multiculturalismo como “representação da raça, classe e gênero como resultado de lutas sociais sobre signos e significações” e Nacarato (2000) que tata da formação de professores que oportuniza a articulação do conhecimento com experiências em sala de aula. A questão que conduziu nossos estudos busca indícios de como professores indígenas das séries iniciais do ensino fundamental percebem o caráter crítico da matemática no contexto social em que vivem? Objetivamos analisar as discussões matemáticas desse grupo de professores identificando aspectos matemáticos críticos em suas falas. Para isso, identificamos os conhecimentos matemáticos desse grupo, provocamos discussões em torno deles e identificamos elementos críticos dessas discussões. A coleta de dados realizada por meio de registros no diário de campo. De cunho qualitativo a pesquisa foi conduzida por uma intervenção no curso de formação “Projeto Saberes Indígenas”. Realizamos diagnóstico dos conhecimentos matemáticos que possuíam seguido de atividades propostas pelos pesquisadores. Em seguida, levantamos questões desses conteúdos no contexto sócio cultural deles. Por fim os professores foram conduzidos a apontar aspectos políticos e sociais desses conteúdos matemáticos desenvolvendo criticidade. Percebemos o conhecimento mínimo de conteúdos matemáticos, entre os quais destacamos geometria, operações básicas e frações. Identificamos dificuldade em resolver as questões propostas. A associação dos conhecimentos matemáticos com o contexto sócio cultural naturalmente nas discussões fazendo relações com estrutura arquitetônicas, artesanato e relações comerciais. Contudo o papel político e social da matemática não foi percebido pelos professores, revelando a falta da visão crítica sobre esses conhecimentos. Percebemos a necessidade de uma formação continuada que viabiliza o desenvolvimento da matemática crítica pelos professores indígenas. Essa formação possibilitará maior autonomia na prática docente potencializando a aprendizagem dos alunos.

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