Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 4ª Semana da Matemática do Ifes

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ETNOMATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS

Ozirlei Tereza Marcilino, Lidiane Lahass

Prédio: Corredor B
Sala: Mini Auditório 2
Data: 2015-05-27 09:10  – 09:30
Última alteração: 2015-05-10

Resumo


Este relato de experiência apresenta uma parte da formação dos professores indígenas Tupinikim e Guarani de Aracruz-ES do primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1º ao 3º ano), por meio do projeto Ação Saberes Indígenas na Escola. O projeto é uma iniciativa educacional intercultural em conjunto com os povos indígenas no Estado do Espírito Santo e tem como objetivo promover a formação continuada de professores indígenas alfabetizadores e a produção de material didático e paradidático com abordagem interdisciplinar. A formação dos professores discutiu Etnomatematica (D’AMBROSIO, 2001; 2002; 2004; MARCILINO, 2005; 2014) e trabalhou conceitos matemáticos a partir da demanda do grupo, previamente consultado. Nosso objetivo principal foi exercitar a elaboração de atividades para as escolas Tupinikim e Guarani de Aracruz-ES. Para isso, trabalhamos a partir do Tangran conceitos de geometria, fração e ângulos. O diálogo com os educadores foi mediado pelas formadoras. O contraste de ideias, e por que não dizer de realidades, se fazia presente no diálogo da formação provocando e partindo das respostas dos educadores, ainda que não tivessem um conceito formalizado. Realizamos atividades práticas de pesquisa com o auxílio da tecnologia para fotografar objetos que apresentavam/lembravam algum dos conceitos trabalhados. Neste ínterim, as discussões trouxeram a visão pedagógica de Paulo Freire (2004) que valoriza “quem” e “como”, sobre a existência e a produção dos objetos e dos fatos. Algumas questões afloraram desse contexto e estão em nossas constantes reflexões: Como a formação de professores indígenas em matemática deve ser realizada? De que maneira o “saber fazer” dos alunos deve ser incorporado ao dia a dia da sua formação como professor? Essas e outras questões acompanharam nossas discussões. Evidentemente não esperamos encontrar para elas respostas totalistas e findáveis, mas construir “caminhos” junto com os professores na formação continuada. Os resultados do trabalho apontam para a carência de formação específica em matemática para este público, sob o olhar da Etnomatemática. Neste caminho não há receitas, há sendas, há dois povos, há cada comunidade, há cada escola, que têm leis próprias que lhe dão o direito à educação escolar indígena intercultural, diferenciada, específica e bilíngue. As discussões junto aos professores indígenas têm efeito em muitas reflexões sobre a educação escolar indígena, tanto entre os indígenas quanto para nós, não indígenas. O diálogo intercultural mostrou diferentes possibilidades de realizar o trabalho em sala de aula, valorizando os aspectos do contexto e da cultura indígena.

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