A sociedade dominante estabelece barreiras discriminatórias que, em geral, agridem a dignidade do indivíduo que não as conseguem ultrapassar, gerando assim a tão comum exclusão social. Essas barreiras afetam inclusive o sistema escolar, onde os conhecimentos não-acadêmicos são ditos como inválidos ou tidos como meras curiosidades. Inúmeras iniciativas têm sido implementadas com a finalidade de minimizar e, provavelmente, extinguir essa dura realidade, especialmente por meio do reconhecimento e valorização de diversos conhecimentos oriundos de grupos culturalmente distintos, tais como as sociedades afro-brasileiras e indígenas. Em especial, na educação básica, a implementação da Lei nº 11.645/08 deu maior respaldo à essa luta, tornando obrigatória a abordagem das histórias e culturas afro-brasileiras e indígenas em todas as disciplinas escolares. No campo da Educação Matemática, muitos autores vêm desenvolvendo estudos e experiências, principalmente aqueles pesquisadores vinculados ao Programa Etnomatemática, com vistas à implementação dessa lei na disciplina de matemática e à recuperação da dignidade e legitimidade cultural desses povos e dos seus conhecimentos. Neste panorama, reforçados pela efetivação da Lei nº 11.645/08, o presente trabalho tem por objetivo contribuir com os estudos voltados à superação dessa realidade de evidente marginalização e desconhecimentos da cultura indígena, especialmente, a partir de uma investigação acerca da cultura Guarani local e das possibilidades e estratégias mais adequadas para a sua incorporação nas aulas de matemática da Educação Básica.

Palavras-chave: Educação Básica; Programa Etnomatemática; Interculturalidade; Povos Guarani; Reconhecimento e Valorização.