Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 7ª Semana da Matemática do Ifes

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MATEMÁTICA EM ESTAMPARIAS AFRICANAS: POSSIBILIDADE PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/2003 NO ENSINO MÉDIO

Thaciane Jähring Schunk, Lauro Chagas e Sá

Última alteração: 2018-05-17

Resumo


Sabemos que temas como a cultura afro-brasileira e a contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira são relevantes para os estudos de todas as disciplinas, visto que o Brasil é formado não só de heranças culturais europeias, mas também de indígenas e africanas. No entanto, ainda observamos nos currículos educacionais e nos livros didáticos que essas três contribuições – europeia, africana e indígena – não são contempladas de maneira equilibrada. Assim, na tentativa de superar esse cenário, a lei nº 10.639/2003 estabeleceu que todas as unidades de ensino básico devem inserir a história e cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar, em consonância com o resgate dos valores da diversidade étnico-racial brasileira (BRASIL, 2003). Este trabalho insere-se, portanto, em uma pesquisa de natureza qualitativa, ainda em desenvolvimento, sobre Etnomatemática e práticas educativas para o Ensino Médio. Nossa problemática emerge de um levantamento bibliográfico realizado sobre trabalhos de Educação Matemática, a partir do qual identificamos que as poucas produções acadêmicas sobre Etnomatemática com foco em África são desenvolvidas sobre conteúdos de Ensino Médio (SCHUNK; SÁ, 2017). Então, relatamos brevemente neste texto o processo de produção e validação de material didático visando a abordagem de questões etno-culturais nas aulas de Matemática. Ao longo do planejamento, buscamos estruturar um material didático a partir dos três eixos propostos por Kaplún (2003): o eixo conceitual, o pedagógico e o comunicacional. No âmbito conceitual, o principal objetivo do material didático foi fazer com que os estudantes reconhecessem as transformações geométricas presentes nas estamparias africanas, além de realizassem novas transformações a partir dos símbolos com significados culturais. Do ponto de vista pedagógico, apoiamo-nos no Programa Etnomatemática, que valoriza as culturas de determinada sociedade e seus conhecimentos produzidos ao longo de sua existência (D’AMBRÓSIO, 2005). Em relação ao aspecto comunicacional, concebemos o material com uma apresentação de slides, um conjunto de estamparias africanas impressas em tamanho A4 e uma ficha de atividades. A validação do material ocorreu durante a oficina “Transformações geométricas em estamparia africanas”, ministrada na I Semana da Consciência Negra e Indígena do Ifes – campus Viana, em novembro de 2017. A oficina teve a duração de duas horas e contou com a participação de doze estudantes do primeiro e segundo ano do Curso Técnico em Logística Integrado ao Ensino Médio. A utilização do material ocorreu em três momentos: discussão sobre a importância das estamparias e dos símbolos na cultura africana; identificação das transformações geométricas nas estamparias africanas e exploração das transformações geométricas por meio dos símbolos africanos. Ao final, com apoio de questionários, observamos que as atividades contribuíram para a ressignificação de um conteúdo matemático por meio de uma prática cultural. Ressaltamos, porém, que atividades dessa natureza não devem ser produzidas somente na Semana da Consciência Negra e sim durante todo ano letivo, de modo a potencializar a valorização das identidades negras e sua inserção em práticas educacionais.

Texto completo: Matemática em estamparias