Eventos do Instituto Federal do Espírito Santo, 6ª Semana da Matemática do Ifes

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A CONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DE FUNÇÃO DO PRIMEIRO GRAU

JOSE CARLOS THOMPSON DA SILVA, Vânia Maria Pereira dos Santos-Wagner, Eliana Ferreira Reis de Mello

Última alteração: 2017-05-01

Resumo


O presente trabalho traz um relato de experiência de uma investigação em educação matemática (FIORENTINI, LORENZATO, 2007, KILPATRICK, 1996; ROMBERG, 1992) com enfoque na construção da noção de função do primeiro grau com um aluno surdo do primeiro ano de uma instituição federal de ensino. O aluno é o primeiro surdo da instituição e sua inserção tem promovido mobilizações de palestras e oficinas visando contribuir com a formação dos professores. Foram trabalhados três problemas correlatos sob a perspectiva da resolução de problemas (HOFFMAN, SANTOS-WAGNER, 2011; ONUCHIC, ALLEVATO, 2004, 2011; POLYA, 2005/1945; SANTOS, 1997; SANTOS-WAGNER, 2008) ao longo de quatro aulas de 50 minutos.  Durante as aulas assumimos uma postura de professor pesquisador (MOREIRA, CALEFFE, 2008) com a finalidade de melhorar a prática pedagógica e desenvolver novas estratégias de ensino que possam contribuir para a aprendizagem do aluno auxiliando outros professores. O relato apresenta desafios, dificuldades e desenvolvimento do aluno em questão com relação a aprendizagem de noção de função do primeiro grau. Entre os desafios pontuamos a situação de ser este o primeiro estudante surdo na instituição e, portanto, nos exigir maior esforço na produção de materiais para o ensino com alunos portadores da surdez. Dentre as dificuldades apresentamos a necessidade de tradução da linguagem matemática, para a língua em libras perpassando pela língua portuguesa.  Concluímos que o fato de o aluno não ser alfabetizado na língua portuguesa reflete diretamente na disciplina de matemática no que diz respeito a interpretação do problema. Além disso, muitos signos e significados matemáticos diferem do significado dos signos em libras. Durante as atividades observamos a necessidade de construção de códigos para conceitos matemáticos que não existem em libras. Por meio da intervenção o aluno conseguiu fazer associações entre os problemas e já começou a dar evidências de estar tendo noção do significado da representação da lei de formação de uma função do primeiro grau. O trabalho realizado em conjunto entre professor pesquisador e intérprete tem nos mostrado que interpretar a linguagem matemática exige a contextualização dos problemas e aproximar as situações problemas o mais próximo do real, uma vez que as atividades que necessitam de maior abstração matemática tornam-se sem significado para o aluno.